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segunda-feira, 15 de abril de 2013

As Grandes Navegações

Ana Carolina Machado de Souza
A geografia da Terra era pouco conhecida pelos europeus no início do século XV. O que eles sabiam se restringia a mitos, lendas e histórias fantasiosas, além de informações imprecisas, que datam da Antiguidade, muitas delas colhidas pelos gregos. Mas foi durante o século XV que as grandes viagens marítimas tiveram início e, uma conseqüência, foi a chegada à América.
Mapa mundi de 1689
Associa-se o início das Grandes Navegações à volta das grandes trocas comerciais da Baixa Idade Média, a ascensão da burguesia e a formação dos Estados Nacionais. O país que possuía todas estas características em alto grau, além de estar numa ótima localização no continente europeu, foi Portugal. Os dois países pertencentes à Península Ibérica (Portugal e Espanha) foram pioneiros nesse novo empreendimento marítimo.
O que permitiu as viagens foi o desenvolvimento de certas técnicas de navegação, instrumentos, a modernização das embarcações e o incentivo das Coroas. Os portugueses visavam a independência do seu comércio com as Índias, sem que precisassem passar pelos árabes, venezianos e genoveses, que dominavam a rota do Mar Mediterrâneo. Apesar dessa conotação econômica, outra justificativa utilizada é a religiosa. Os europeus queriam disseminar o cristianismo, “ajudar” aos povos não cristãos a “salvarem suas almas” com a catequização.
Teatro do Globo Terrestre. Abraham Ortelius, Antuérpia, Bélgica – 1570.
Desde o século XIV, Portugal investiu na criação de uma rota independente para o Oriente. Em 1415 houve a conquista de Ceuta, um pólo comercial no norte da África, muito importante para a construção do futuro Império Português. Em 1435, um grupo de pouco mais de 2000 pessoas embarcou com o objetivo de realizar o Périplo Africano. Nessa travessia houve o surgimento das primeiras colônias portuguesas, como as Ilhas Canárias, Angola e Moçambique. Em 1488, Bartolomeu Dias ultrapassou o Cabo da Boa Esperança. Em 1498, Vasco da Gama chegou a Calicute, na Índia.
Em contrapartida, a Espanha nessa época, expulsou os mouros da cidade de Granada; foi o fim da Guerra da Reconquista, em 1492, e, nesse mesmo ano, chegou à América com Cristóvão Colombo. Este navegador genovês acreditava que seria possível alcançar às Índias atravessando o Oceano Atlântico. No caminho ele aportou na terra que hoje conhecemos como Bahamas, e teve início a empreitada espanhola no continente americano. O nome do continente desperta curiosidade, por que América e não uma referência a Colombo, que primeiro chegou aqui? Isso aconteceu porque Américo Vespúcio, tempos mais tarde, explorou a mesma terra em que o genovês tinha estado, concluindo, assim, perante o Estado espanhol, a descoberta de uma nova terra, e como homenagem esta ganhou o nome de América.
Chegada de Américo Vespúcio à América. Theodore De Bry. (Openheim, Alemanha – 1618)
Outro dado interessante que desperta curiosidade e debate sobre a “descoberta” ou não da América, é que os dois países Ibéricos estabeleceram um tratado, tendo como mediador o Papa Alexandre VI, sobre a definição das terras, ou seja, uma divisão entre eles das regiões descobertas, a fim de cessar a rivalidade que crescia. Esse tratado ocorreu em 1493, chamado Bula Intercoetera. Qualquer terra a 100 léguas de Cabo Verde era portuguesa. Porém, em 1494, Portugal pediu para mudar essa medida para 370 léguas de Cabo Verde. Daí começam as especulações sobre o conhecimento ou não das terras à oeste do Atlântico.
Com os sucessos de Portugal e Espanha na exploração das riquezas dessas novas terras, nos séculos seguintes, Holanda, França e Inglaterra passaram a procurar territórios a serem explorados também. Além disso, questionavam o monopólio entre os dois países ibéricos, portanto foi nessa época que os ataques piratas e invasões continentais tiveram início
Em 1500, o navegante português Pedro Álvares Cabral “descobriu” o Brasil. Essa data foi documentada em carta por Pero Vaz de Caminha, um dos tripulantes nas caravelas de Cabral, para o rei português. As terras brasileiras ficaram por cerca de 30 anos ociosas, mas foram fundamentais para a economia portuguesa com a queda do comércio com as Índias. O grande problema na expressão “descobrimento do Brasil” não é em relação aos debates, ocorridos principalmente no século XIX, sobre se os portugueses chegaram aqui devido às correntes marítimas ou se já tinham conhecimento das terras a leste. A grande questão é que, ao dizer que descobriram, pensa-se imediatamente que a terra estava desabitada, o que não era o caso do Brasil, pois os navegantes encontraram tribos indígenas ao longo da costa brasileira.
Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500. Oscar Pereira da Silva – 1922/ Acervo do Museu Paulista – SP
A Europa, a partir das grandes navegações, estava conectada com todas as partes do globo. Essa “Era dos descobrimentos” foi de extrema importância para o desenvolvimento tecnológico europeu, além disso, a possibilidade de crescimento econômico. As terras descobertas e posteriormente colonizadas passaram a ser fontes de enriquecimento desses países exploradores. Uma das maiores conseqüências dessa nova atitude européia foi o fortalecimento da burguesia mercantil, o que mudaria o destino político e social desses mesmos países séculos mais tarde, com as revoluções.
Dicas de leituras:
Sérgio Buarque de Holanda. Visão do Paraíso, de 1959.
Laura de Mello e Souza. O Diabo na Terra de Santa Cruz, de 1986.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

Instrumentos de navegação

Instrumentos de navegação

 
Carta portulano Primeiros mapas náuticos que eram desenhados em pregaminho, foram muito utilizados pelos portugueses no séc. XVI. Para poderem navegar os marinheiros tinham que se orientar e faziam-no utilizando os seguintes instrumentos: astrolábio, astrolábio náutico português, bússola, bússola girascopica, bússola inglesa ou bússola chinesa, balestilha, nocturlábio, quadrante, rosa-dos-ventos, cartas portulano, etc.
À medida que as viagens marítimas aumentaram, maior importância adquiriram as "artes de navegar". 



Astronomicamente a balestilha era usada para medir a dintância angular de duas estrelas. Na náutica usou-se para medir a altura das estrelas. O virote tinha uma escala dividida em graus. A balestilha era usada com mais facilidade do que um astrolábio, mas não podia ser de dia (o olho humano não pode enfrentar o sol).


Nocturlábio Foi inventado por volta de 1551 e usado para saber as horas da noite. O piloto pegava pelo cabo de braço esticado e olhava através do orifício no centro do instrumento para a estrela polar. Movia o braço do nocturlábio até alinhar com as duas outras estrelas. O braço indicava a hora num disco com a diferença de mais ou menos dez minutos. Quadrante


Quadrante determina a distância entre o lugar onde se encontrava a embarcação (norte-sul). Baseava-se na estrela polar. O quadrante começou a ser usado pelos portugueses a partir do ano 1460.







Rosa-dos-ventos Em todos os mapas figura a rosa-dos-ventos. Os portugueses apresentaram-na com desenhos lindíssimos e incluíram algumas inovações, que vieram tornar-se um hábito em toda a parte, como por exemplo a flor-de-lis, para indicar o norte, e a cruz de Cristo para indicar o Oriente.


Astrolábio - Instrumento astronômico inventado por Hiparco, astrônomo e matemático grego (séc. II a.C.), para medir as alturas de um astro acima do horizonte. Modernamente foi aperfeiçoado, e é um dos instrumentos fundamentais da astrometria, um dos primeiros instrumentos de navegação. O astrolábio era um instrumento que permitia saber a distância entre o ponto de partida e o lugar onde se encontrava o navio. Baseava-se na altura do sol do meio-dia. Era mais fácil trabalhar com o astrolábio, pois pelo facto de a estrela polar não ser visível no henisfério Sul. Astrolábio náutico português Derivado do astrolábio planisférico, o astrolábio naútico foi a partir dele muito alterado pelos portuguses, que lhe deram forma. O peso e a robustez de que precisava para ser usado a bordo dos navio. Com este astrolábio, media-se a altura ou a latitude, onde o navio se encontrava. Nos últimos anos foram descobertos muitos astrolábios entre restos de navios dos séculos XVI e XVII.  
 
Bússola Foi o primeiro de todos os instrumentos de navegação a ser conhecido. Era um instrumento que indicava o norte e permitia que os navegadors soubessemm em que direcção navegavam. A bússola era um aparelho composto de um mostrador, onde se indicavam os pontos cardeais, e no qual gira uma agulha magnética que aponta sempre para o norte, servindo assim de orientação, sobretudo em navegação. A agulha da bússola é um íman fino e leve, equilibrada de forma a que possa girar livremente. O polo norte da agulha aponta para o polo norte magnético da terra, que fica muito perto do norte geográfico. Utilizam-se as bússolas magnéticas para a orientação no mar e em terra. A bússola era chamada pelos marinheiros de agulha de marear. Bússola girascópica Bússola que se baseia na estabilidade mecânica do girascópio. Bússola inglesa ou bússola marítima chinesa As bússolas magnéticas foram utilizadas na Europa a partir do séc. XII, mas pensa-se que os chineses tenham notado, cerca de mil anos antes, que um pedaço de magnetite (um minério de ferro magnético) suspenso de um fio se orientava sempre no sentido norte-sul. Invenção chinesa que chegou a Europa por volta do século X é uma agulha magnética móvel em torno de um eixo que passa pelo seu centro de gravidade, montada, geralmente, em caixa com limbo graduado, e usada para orientação do navegadores. Por uma agulha com uma ponta imantada, detecta os polos do campo magnético norte sul da terra.

Sextante - Instrumento óptico constituído de dois espelhos e uma luneta astronômica presos a um setor circular de 60° (1/6 do círculo) destinado a medir a altura de um astro acima do horizonte.


Tendo compreendido os movimentos dos corpos celestes e as relações entre ângulos e distâncias, os navegadores medievais, puderam criar um sistema de longitude e de latitude para se orientarem no mar sem o auxílio de pontos de referência em terra. Os romanos foram os pioneiros na utilização generalizada de instrumentos topográficos de precisão, e os arquitectos da renascença introduziram o teodorito, a ferramenta mais importante da topografia. Astrolábio Balestilha Apareceu depois do quadrante e do astrolábio.
Fonte: http://comandantepinzon.blogspot.com.br