terça-feira, 18 de janeiro de 2011

São Paulo: mobilização contra o aumento da passagem


Repúdio
Policiais usam a truculência em manifestação pacifica contra o aumento da passagem em São Paulo

Confira o vídeo da truculência policial

O ato contra o aumento das passagens em São Paulo, que ocorreu nesta quinta-feira (13), foi marcado por violência e truculência policial.

Bombas de gás, balas de borracha e cacetes. Essa foi a resposta aos cerca de 700 manifestantes que, pacificamente, exigiam a revogação do reajuste da passagem.
A manifestação teve concentração por volta das 17h em frente ao Teatro Municipal. O ato convocado pela MLP (Movimento Passe Livre) contou a presença de representantes da CSP-Conlutas, Anel (Assembleia Nacional dos Estudantes Livre), além de partidos políticos, como PSTU e PCB.

Os manifestantes saíram em passeata pelas ruas e, muitos paulistanos, também indignados com este aumento abusivo, se somaram no protesto longo do percurso. Na Praça da Republica se instaurou a confusão. Segundo informações do estudante da Anel, Bruno Machion, 23, os manifestantes ocuparam duas faixas de uma das avenidas no entorno da praça. “Neste momento a policia começou ir para cima dos manifestantes. Foi uma violência gratuita, pois, mesmo após termos desocupado a pista, os policiais começarem a perseguir os manifestantes pelas ruas, atirar nas pessoas com balas de borracha e lançar bombas de gás lacrimogêneo”, disse.

Segundo o estudante, alguns manifestantes chegaram a ser hospitalizados. "Uma estudante que tentava tirar um morador de rua da confusão, levou um tiro de borracha na cabeça. Ela foi encaminha à Santa Casa e levou três pontos”, informou Machion dizendo que por sorte não aconteceu o pior.

Na ação, a polícia chegou a prender 31 manifestantes. A advogada da CSP-Conlutas foi acionada e interveio pela liberação dos estudantes, junto com outros advogados solidários ao movimento. Os estudantes foram liberados por volta da meia-noite.

O representante da Anel disse que mesmo diante desta forte repressão o movimento não se intimidará e prosseguirá. “Vamos fazer uma nova manifestação no dia 20 de janeiro na Avenida Paulista. Permaneceremos com nosso propósito de revogar este reajuste da passagem que é inadmissível. Chamamos a todas as entidades e organizações para fazemos um ato ainda maior”, finalizou.

Esta violência só comprova a política repressora e arbitrária dos governantes de São Paulo. Neste mesmo dia, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin havia recebido as centrais sindicais, a seu convite, para um café da manhã com o objetivo de estabelecer uma relação de diálogo com o os movimento sociais. À noite o que seu viu foi a política de repressão e violência promovidos pelo governo.

Repúdio: Nota da Anel contra a truculência da polícia

Grande ato contra o aumento da passagem em São Paulo termina com a truculência da PM

No fim da tarde de ontem, 13/01/11, centenas de jovens se concentravam no Teatro Municipal para dar início à manifestação contra o aumento da passagem em São Paulo. O ato estava sendo convocado há semanas pelas redes sociais na internet e havia uma grande expectativa sobre ele.

Cerca de 700 pessoas participaram da manifestação. A maioria, jovens, estudantes secundaristas e universitários. Mas havia também muitos trabalhadores acompanhando a manifestação.

Isso não é à toa. São Paulo possui hoje a tarifa de transporte público mais cara do país. Os custos do transporte público estão entre as maiores causas de evasão escolar. O aumento da tarifa tem como consequência o aumento do número de jovens que engordam a fatia dos que não tem acesso à educação e à cultura. Por outro lado, não é pequeno também o número de trabalhadores que andam grandes distâncias à pé para economizar o dinheiro do transporte. Em outras palavras, o aumento da tarifa é o aumento da exclusão social.

O prefeito Gilberto Kassab fecha os olhos a isso. Sua disposição é a de garantir os altos lucros das empresas de transporte.

Mas o ato de ontem reunia o grande sentimento de repúdio da população paulistana ao aumento do preço da passagem. Havia muita revolta, mas a manifestação era completamente pacífica, nossa revolta só era expressa nas faixas que segurávamos, denunciando o aumento, e nos gritos da manifestação. Nada justificava a ação truculenta, extremadamente violenta e exagerada por parte da PM.

Quando estávamos caminhando pela Avenida Ipiranga, ao longo da Praça da República, a manifestação pacífica, que queria apenas protestar contra o aumento e conversar com a população, foi duramente reprimida. A PM alegava que o combinado era que a manifestação terminasse ali, mas segundo o roteiro que estava em mãos do Tenente Siqueira, responsável pelo policiamento, o fim estava previsto para a Câmara Municipal.

A PM não hesitou em disparar, à queima-roupa, balas de borracha contra os manifestantes. Não hesitou em disparar bombas de gás, cujos estilhaços feriram dezenas de jovens. Mas o objetivo não era apenas dispersar a manifestação.

Se fosse isso, não haveria perseguição aos manifestantes, que corriam para fugir da violência policial. Se fosse isso, os jovens que se abrigaram em uma galeria, pensando que lá estariam seguros, não seriam surpreendidos pela PM invadindo a galeria, abrindo fogo contra eles e, assim, destruindo a galeria, quebrando vidros e a transformando numa praça de guerra. Se fosse isso, os 31 manifestantes que foram levados ao 3º DP não teriam sido agredidos gratuitamente com pontapés e socos dos policiais.

A verdadeira intenção da PM era outra. Era acabar com o ato por meio de uso descabido de violência. É por isso que na vigília que fizemos à noite em frente à delegacia podíamos ver bem claro as marcas da violência. Tivemos notícia de um manifestante que luxou o braço e, o que nos parece o caso mais grave, de uma manifestante que levou um tiro à queima-roupa na cabeça. A garota levou pontos na cabeça, mas poderia ter ocorrido algo mais grave.

Não esperávamos que o ano de 2011 começasse dessa forma. O nosso direito à manifestação foi simplesmente esquecido. Os policiais utilizaram todo o seu arsenal disponível para reprimir uma manifestação de 700 pessoas que andavam pelo centro da cidade de forma descontraída e pacífica. Não eram necessários esses métodos, agredir os estudantes com socos e pontapés, cassetetes, tiros e bombas. Não era necessário deter 31 estudantes, ameaçá-los, humilhá-los, fazê-los ficar sentados por horas na delegacia, somente para tomar seus nomes completos e endereços residenciais.

O desrespeito ao direito de manifestação, aos jovens manifestantes e mesmo à população que passava pelo local e que também teve que fugir das balas de borracha e do gás, esteve expresso na noite de ontem. Foi desnecessário a utilização da violência policial, ainda mais na medida em que foi utilizada.

Isso não nos intimidará. Lamentamos profundamente que essa seja a postura da Polícia Militar do Estado de São Paulo, mas continuaremos na mobilização para barrar esse aumento no preço da tarifa. Convocamos os estudantes e trabalhadores a comparecerem à manifestação programada para o próximo dia 20, às 17h na Praça do Ciclista (na esquina da Avenida Paulista com a Rua da Consolação). De nossa parte, seguimos colocando nossas forças para impulsionar essas manifestações e estaremos junto com os estudantes e trabalhadores na luta contra o aumento.

R$ 3 é um roubo!
Abaixo o aumento da tarifa!
Passe-Livre já para estudantes e desempregados!
Pela reestatização do sistema público de transporte!

ANEL-SP (Assembleia Nacional de Estudantes - Livre!)