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quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Aquífero Guarani : Um dos maiores aquíferos do mundo a ser preservado,

Aquifero Guarani - Mapa
[EcoDebate] Um deserto pré-histórico deu origem à região do aquífero guarani. Os depósitos arenosos trazidos pelos ventos formaram extenso campo de dunas recoberto por um episódio de vulcanismo intra-continental do Planeta. A lava solidificada originou a Serra Geral, uma capa protetora do Aquífero Guarani.
Esse reservatório de proporções gigantescas de água subterrânea é formado por derrames de basalto ocorrido entre 200 e 132 milhões de anos. Ocupa uma área de 1,2 milhões de Km2, estendendo-se pelo Brasil (840.000 Km2), Paraguai (71.700 Km2), Uruguai (58. 500 km2) e Argentina (225.500 Km2).
Etimologicamente, o aquífero significa: aqui=água; fero=transfere; ou do grego suporte de água. Batizado primeiramente de aquífero Botucatu (hoje o nome de um reservatório menor, em São Paulo), o Guarani foi mapeado nos anos 70, quando companhias petrolíferas fizeram prospecção dos terrenos em que ele se encontra. O termo Guarani foi sugerido pelo geólogo Danilo Antón em uma conversa informal com os colegas Jorge Montalo Xavier e Ernani Francisco da Rosa Filho, geólogos da Universidad de la Republica do Uruguai e Universidade Federal do Paraná, respectivamente , em 1994, e aprovado com o respaldo dos quatro países em uma reunião em Curitiba, em maio de 1996. O objetivo era unificar a nomenclatura das formações geológicas que formam o aquífero, e que recebem nomes diferentes nos quatro países e, simultaneamente, prestar uma homenagem aos índios Guaranis que habitavam a área de sua ocorrência, na época do descobrimento da América.
A espessura total do Guarani varia de valores superiores a 800 metros até a ausência completa da espessura média aquífera de 250 metros e porosidade efetiva de 15%. Estima-se que as reservas permanentes do aquífero (água acumulada ao longo do tempo) sejam da ordem de 45.000 km3.
O Aquífero Guarani constitui-se em um importante reserva estratégica para o abastecimento da população, para o desenvolvimento das atividades econômicas e do lazer. Sua recarga natural anual (principalmente pelas chuvas) é de 160 km3/ano, sendo que desta, 40 km3/ano constitui o potencial explotável sem riscos para o sistema aquífero. Os estados da Federação contemplados com o aquífero são: São Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, minas Gerais, Paraná, S. Catarina, e Rio Grande do Sul.
AQUÍFERO GUARANI – UMA BACIA GIGANTESCA
aquifero guarani
1 Além do Guarani, sob a superfície de São Paulo, há outro reservatório, chamado Aquífero Bauru, que se formou mais tarde. Ele é muito menor, mas tem capacidade suficiente para suprir as necessidades de fazendas e pequenas cidades. 3 Nas margens do aquífero, a erosão expõe pedaços do arenito. São os chamados afloramentos. É por aqui que a chuva entra e também por onde a contaminação pode acontecer.
2 O líquido escorre muito devagar pelos poros da pedra e leva décadas para caminhar algumas centenas de metros. Enquanto desce, ele é filtrado. Quando chega aqui está limpinho. 4 A cada 100 metros de profundidade, a temperatura do solo sobe 3 graus Celsius. Assim, a água lá do fundo fica aquecida. Neste ponto ela está a 50 graus.
* Figuras e Textos Extraídos da Revista Super Interessante nº 07 ano 13
As águas são de boa qualidade para o abastecimento público e outros usos, sendo que em sua porção confinada, os poços têm cerca de 1.500 metros de profundidade e podem produzir vazões superiores a 700 m3/h.
Em 02/06/2009 a Agência Brasil publicou que técnicos concluíram o mapeamento do Aquífero Guarani. A ação dos agrotóxicos na lavoura e a falta de saneamento básico em regiões metropolitanas onde se localiza o Aquífero Guarani podem sobrecarregar o manancial que tem cerca de 7.500 poços que abastecem centenas de cidades. Na região do centro da cidade de Ribeirão Preto, em 30 anos o aquífero baixou 60 metros.
O artigo afirma que esses foram alguns dos problemas constatados pelo mapeamento da área, uma das fases do Projeto de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aquífero guarani, que começou em 2003 e teve os resultados apresentado em fins de maio durante a 21ª Reunião do Conselho Nacional de Recursos Hídricos (CNRH), em Brasília.
Vulnerabilidade do Aquífero Guarani quanto à contaminação
O Aquífero Guarani sendo constituído por arenitos relativamente permeáveis, devido à sua origem fundamentalmente eólica, apresenta na sua zona de recarga a maior vulnerabilidade à contaminação. A vulnerabilidade do guarani diminui à medida que a formação que a formação se aprofunda e adquire condições de confinamento, subjacente aos basaltos da Formação Serra Geral.
Um dos principais problemas existentes com relação à exploração das águas do Guarani é o risco de deterioração do aquífero, em decorrência do aumento dos volumes explotados e do crescimento das fontes de poluição pontuais e difusas. Diretrizes de utilização sustentável e proteção do Aquífero Guarani foram traçadas e tem como premissas o conhecimento de suas reservas, o diagnóstico e a manutenção da qualidade de suas águas, a caracterização e orientação sobre seu consumo atual e futuro.
No Sistema Aquífero Guarani – SAG – é considerado um aspecto importante o cálculo de reservas e a disponibilidade hídrica do sistema. O volume de água contida no SAG é atualmente estimado em 33.000 km3 de Reserva Drenável e 51 km3 de Reserva Compressível, totalizando 33.051 km3.
Pesquisas asseguram que para cenários futuros devem ser utilizados valores consolidados que busquem a sustentabilidade. Serão necessários a quantificação de recarga, a quantificação da interconexão entre aquíferos e quantificação da interconexão água superficial e subterrânea (rede integrada pluviométrica, fluviométrica e hidrogeológica). Maiores aquíferos do mundo
Aqüífero Área (km2) Transnacionalidade Ranking Área
Arenito Núbia 2 milhões Líbia,Egito,Chade,Sudão
Grande Bacia Artesiana 1,7 milhão Austrália
Guarani 1,2 milhão Argentina,Brasil,Uruguai,Paraguai
Bacia Murray 287 mil Austrália
KalaharijKaroo 135 mil Namíbia,Botswana,África do Sul
Digitalwaterway Vechte 7,5 mil Alemanha, Holanda
Praded 3,3 mil República Tcheca, Polônia
SlovakKarst- Aggtelek Não informada República Eslováquia, Hungria ?
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Esgotamento dos lençóis freáticos.
Alguns exemplos de superexploração dos recursos naturais no mundo estão relacionados a seguir, e serve de alerta para a gestão de Aquíferos.
  • O aquífero de Ogallala, no Arizona, nos Estados Unidos, pode desaparecer: já perdeu o equivalente a 18 vezes o volume do rio Colorado por causa da irrigação de áreas extensas na agricultura da região das Brandes Planícies.
  • Na Líbia, a exploração dos lençóis subterrâneos para irrigar as plantações já secou muito dos poços de onde se extrai água.
  • Na Tailândia, a retirada da água subterrânea faz algumas áreas da capital, Bangcoc, afundarem (recalcarem) 14 centímetros por ano. É que as rochas do subsolo que servem de sustentação diminuem de tamanho quando ficam secas, e o solo cede. Para piorar, como a região é de litoral, o espaço deixado pela água doce retirada é preenchido por água salgada, inutilizando os lençóis subterrâneos para o consumo.
  • Na Indonésia, a exploração desenfreada dos aqüíferos fez o mar avançar cerca de 15 quilômetros para o interior.
Água no Senado
No último dia 28, foi instalada a Subcomissão Permanente de Água da Comissão de Meio Ambiente no Senado Federal. Presidida pela senadora Marisa Serrano (PSDB-MS), tem como objetivo aumentar as discussões acerca da proteção de rios e aquíferos nacionais. “O tema água vem ganhando cada vez mais importância no cenário mundial e o Brasil precisa participar intensivamente das discussões em torno do tema”, destacou Marisa. “Temos certeza de que vamos fazer um bom trabalho para a eliminação de problemas que temos em relação à questão da água”, afirma a senadora. Os senadores devem escolher um redator para dar continuidade aos trabalhos, que já se iniciaram em discussões anteriores à instalação da subcomissão. O ponto de partida para a proposta foi o relatório de Istambul, em março. Os primeiros temas a serem tratados deverão ser a regulamentação dos rios transfronteiriços e do Aquífero Guarani.
Esperamos que a Subcomissão Permanente de Água possa contribuir sobremaneira com o intuito de tornar o uso do Aquífero Guarani de forma sustentável.
Fonte:
Agência Brasil
Carol Salsa, colaboradora e articulista do EcoDebate é engenheira civil, pós-graduada em Mecânica dos Solos pela COPPE/UFRJ, Gestão Ambiental e Ecologia pela UFMG, Educação Ambiental pela FUBRA, Analista Ambiental concursada da FEAM.