São determinados pelo movimento das
massas de ar que atuam no nosso território. É do encontro dessas massas
de ar que vai se formando toda a climatologia brasileira.
Por possuir 92% do território na zona
intertropical do planeta, grande extensão no sentido norte-sul e litoral
com forte influência das massas de ar oceânicas, o Brasil apresenta
predominância de climas quentes e úmidos. Em apenas 8% do território, ao
sul do Trópico de Capricórnio, ocorre o clima subtropical, que
apresenta maior variação térmica e certo delineamento das estações do
ano.
Cinco são as massas de ar que influenciam o clima do Brasil como explicadas abaixo e demonstradas nos mapas que seguem:
mEc
– Massa Equatorial Continental – Nasce no Noroeste da Amazônia e é
quente e úmida devido à floresta ombrófila e latifoliada, sua capacidade
de evapotranspiração e seus mananciais perenes. Atua durante todo o ano
na Amazônia, com predomínio no inverno na Amazônia ocidental. Por ser
uma massa quente e úmida, no verão sua área de atuação é abrangida para
quase todo o Brasil levando grande quantidade de chuvas para as regiões
Norte, Centro-Oeste, parte do Nordeste, Sudeste e Sul (influenciando nas
chuvas de verão até Santa Catarina).
Por um corredor de vales leva grande
umidade contribuindo para as chuvas de verão da região Sudeste do Brasil
ao se cruzar com outra massa quente e úmida vinda do Oceano Atlântico, a
mTa – Massa Tropical Atlântica. Tais chuvas são intensas e associadas à
ocupação irregular nas encostas dos centros urbanos causam catástrofes
naturais como os desmoronamentos/escorregamentos acontecidos
recentemente em Santa Catarina (dez. 2008), Rio de Janeiro (abr. 2010) e
Região Serrana do RJ (Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo – jan.
2011).
mEa
– Massa Equatorial Atlântica – Massa quente e úmida que nasce no
Atlântico Norte próximo ao arquipélago dos Açores. Forma os ventos
alísios (sopram do trópico em direção ao Equador) e atinge o litoral do
Norte e Nordeste do Brasil no equinócio de primavera e solstício de
verão.
mTa
– Massa Tropical Atlântica – Quente e úmida e se forma no Atlântico Sul
próximo ao Trópico de Capricórnio. Atua durante todo o ano nos litorais
das regiões Nordeste, Sudeste (chuvas de relevo ou orográficas na Serra
do Mar) e Sul do Brasil. No verão leva chuvas desde o litoral das
regiões NE, SE e S ao interior da região Centro-Oeste (região do
Distrito Federal) chegando a atingir o Pantanal matogrossense levando
umidade. No inverno provoca chuvas frontais no litoral do NE, SE e S ao
se cruzar com a mPa – Massa Polar Atlântica.
Atuação
das massas de ar no verão da América doSul. Nota-se a atuação restrita
da fria mPa e maior abrangência das massas quentes devido à incidência
solar no Trópico de Capricórnio. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004, p. 149.
mTc
– Massa Tropical Continental – Quente e seca, forma-se na depressão do
Chaco (prolongamento do Pantanal em território boliviano e paraguaio).
Na primavera e no verão encontra-se com a mEc – Massa Equatorial
Continental contribuindo para precipitações no interior da região
Centro-Oeste. No inverno contribui para a estação seca no oeste do
Estado de Minas Gerais e na região Centro-Oeste até o Pantanal ao se
cruzar com a mPa – Massa Polar Atlântica que chega seca nessa região e
traz as baixas temperaturas no outono-inverno.
mPa
– Massa Polar Atlântica – Nasce fria e úmida no Atlântico Sul nas
imediações do litoral da Patagônia e chega ao Brasil fria e seca (seu
resto de umidade é precipitado na região Sul do Brasil). Sabendo-se que
quanto mais uma massa de ar se desloca do seu centro de origem perde
suas características originais, a mPa atua nas regiões Sul (ventos
periódicos minuano e pampeiro) e Sudeste com mais intensidade e no
inverno, pela menor incidência solar no hemisfério sul, chega a atingir o
litoral da região Nordeste, provocando chuvas ao encontrar-se com a mTa
– Massa Tropical Atlântica que é quente e úmida. Outra vertente de
penetração no inverno faz a mPa chegar ao vale do Tapajós na Amazônia
provocando quedas de temperatura em um fenômeno chamado friagem.
Atuação
das massas de ar no inverno da América do Sul. Maior atuação da mPa
devido à menor incidência solar no hemisfério sul. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004, p. 150.
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artigo atende aos fins de leitura e pesquisa e pertence ao blog GeoBau
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Climogramas do Brasil
Tendo por base a dinâmica das massas de
ar, o cientista Arthur Strahler propôs uma classificação climática que
estuda a dinâmica atmosférica através da circulação das massas de ar
(climatologia dinâmica).
Veja o mapa que segue e alguns climogramas brasileiros e suas respectivas explicações.
Climogramas
Clima Equatorial
Fica nas proximidades da linha do
Equador, abarcando a Amazônia, norte de Mato Grosso e oeste do Maranhão.
Chove durante o ano todo, e em grande quantidade; é bastante úmido e a
temperatura varia pouco no decorrer ao longo do ano, com média de 26º C.
O climograma de Manaus (AM), localizada nessa faixa de clima, traz
informações sobre a pluviosidade e a temperatura. Repare como, no
gráfico, a quantidade de precipitação (representada pelas barras
verticais) é bem alta, atingindo mais de 300 milímetros no mês de março,
com apenas uma pequena queda no meio do ano (em julho, agosto e
setembro), quando fica abaixo dos 100 milímetros. A pequena variação de
temperatura, típica do clima equatorial, também pode ser vista no
climograma de Manaus; a linha horizontal, formada pelas temperaturas
médias de cada mês, quase não sobe nem desce, ficando em torno dos 26º
C.
Clima Tropical, Tropical Típico, Tropical Semi-úmido ou ainda Tropical alternadamente úmido e seco
Predominante no território brasileiro,
pega toda faixa do centro do país, leste do Maranhão, Piauí e oeste da
Bahia e de Minas Gerais. Inverno e verão são estações bem marcadas pela
diferença de pluviosidade: o verão é bastante chuvoso e há seca no
inverno. No climograma de Goiânia (GO), conseguimos enxergar essa
diferença pela variação na altura das barras de precipitação: em julho, a
precipitação chega a quase zero, e em janeiro ultrapassa 250
milímetros. A temperatura no clima tropical é alta e não varia muito; a
média fica entre 18º C em locais de serra e 28º C na maior parte do
território.
Clima Tropical Semi-Árido
É o clima das zonas mais secas do
interior do Nordeste. Caracteriza-se pela baixa umidade, pouca chuva e
temperaturas elevadas. O climograma da cidade baiana de Juazeiro, na
divisa com Pernambuco, representa graficamente essas características:
nas barrinhas de precipitação, a mínima de chuva chega a 1,7 milímetro,
em agosto, com a linha de temperatura variando entre cerca de 24,5º C e
28,5º C, médias térmicas elevadas. A chuva se concentra entre os meses
de novembro e abril, mas o total anual de precipitação não chega a 550
milímetros – o volume é inferior ao atingido em apenas dois meses
(fevereiro e março) no clima equatorial.
Clima Tropical de Altitude
É o clima das áreas com altitude acima
de 800 metros em Minas Gerais, No Espírito Santo, no Rio de Janeiro e em
São Paulo. Os verões são quentes e chuvosos e os invernos, frios e
secos. Isso pode ser visto no climograma acima, que mostra as médias de
temperatura e pluviosidade de Belo Horizonte (MG). No inverno, as barras
de chuva atingem o mínimo de cerca de 10 milímetros, e, no verão,
passam de 300 milímetros. Em comparação ao clima tropical, o tropical de
altitude tem o mesmo comportamento pluvimétrico, mas as médias anuais
de temperatura são menores, ficando em torno dos 20º C – no inverno, as
temperaturas são bem mais baixas.
Clima Tropical Atlântico ou Tropical Úmido
Esse clima cobre quase todo o litoral do
país: começa no Rio Grande do Norte e vai até o Paraná. A quantidade de
chuvas varia conforme a latitude da localidade. Por exemplo, enquanto
no Nordeste chove muito no inverno, no Sudeste chove mais no verão, como
pode ser visto no climograma de João Pessoa (PB) e no do Rio de Janeiro
(RJ). A variação de temperatura é maior na porção mais ao sul do
litoral. No Rio de Janeiro, oscila entre 21,5º C e 26,5º C e, em João
Pessoa, entre 24º C e 28º C.
Clima Subtropical (no hemisfério Norte é chamado de Temperado)
É o clima das regiões ao sul do trópico
de Capricórnio: sul de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do
Sul. A quantidade de chuva não varia muito durante o ano, mas as
temperaturas mudam bastante: o inverno é frio e o verão, quente. No
climograma de Curitiba (PR), por exemplo, a temperatura oscila entre
12,5º C e 20º C, enquanto as barras de precipitação apresentam pouca
variação (a média anual é de 110 milímetros).
Fonte da parte de climogramas: Guia do Estudante: geografia. Mais que tropical. São Paulo: Abril, 2009, p. 48, 49.
Fonte: http://marcosbau.com.br