quarta-feira, 3 de outubro de 2012

Climas e Climogramas do Brasil


São determinados pelo movimento das massas de ar que atuam no nosso território. É do encontro dessas massas de ar que vai se formando toda a climatologia brasileira.
Por possuir 92% do território na zona intertropical do planeta, grande extensão no sentido norte-sul e litoral com forte influência das massas de ar oceânicas, o Brasil apresenta predominância de climas quentes e úmidos. Em apenas 8% do território, ao sul do Trópico de Capricórnio, ocorre o clima subtropical, que apresenta maior variação térmica e certo delineamento das estações do ano.
Cinco são as massas de ar que influenciam o clima do Brasil como explicadas abaixo e demonstradas nos mapas que seguem:
mEc – Massa Equatorial Continental – Nasce no Noroeste da Amazônia e é quente e úmida devido à floresta ombrófila e latifoliada, sua capacidade de evapotranspiração e seus mananciais perenes. Atua durante todo o ano na Amazônia, com predomínio no inverno na Amazônia ocidental. Por ser uma massa quente e úmida, no verão sua área de atuação é abrangida para quase todo o Brasil levando grande quantidade de chuvas para as regiões Norte, Centro-Oeste, parte do Nordeste, Sudeste e Sul (influenciando nas chuvas de verão até Santa Catarina).
Por um corredor de vales leva grande umidade contribuindo para as chuvas de verão da região Sudeste do Brasil ao se cruzar com outra massa quente e úmida vinda do Oceano Atlântico, a mTa – Massa Tropical Atlântica. Tais chuvas são intensas e associadas à ocupação irregular nas encostas dos centros urbanos causam catástrofes naturais como os desmoronamentos/escorregamentos acontecidos recentemente em Santa Catarina (dez. 2008), Rio de Janeiro (abr. 2010) e Região Serrana do RJ (Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo – jan. 2011).
mEa – Massa Equatorial Atlântica – Massa quente e úmida que nasce no Atlântico Norte próximo ao arquipélago dos Açores. Forma os ventos alísios (sopram do trópico em direção ao Equador) e atinge o litoral do Norte e Nordeste do Brasil no equinócio de primavera e solstício de verão.
mTa – Massa Tropical Atlântica – Quente e úmida e se forma no Atlântico Sul próximo ao Trópico de Capricórnio. Atua durante todo o ano nos litorais das regiões Nordeste, Sudeste (chuvas de relevo ou orográficas na Serra do Mar) e Sul do Brasil. No verão leva chuvas desde o litoral das regiões NE, SE e S ao interior da região Centro-Oeste (região do Distrito Federal) chegando a atingir o Pantanal matogrossense levando umidade. No inverno provoca chuvas frontais no litoral do NE, SE e S ao se cruzar com a mPa – Massa Polar Atlântica.
 

Atuação das massas de ar no verão da América doSul. Nota-se a atuação restrita da fria mPa e maior abrangência das massas quentes devido à incidência solar no Trópico de Capricórnio. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004, p. 149.
mTc – Massa Tropical Continental – Quente e seca, forma-se na depressão do Chaco (prolongamento do Pantanal em território boliviano e paraguaio). Na primavera e no verão encontra-se com a mEc – Massa Equatorial Continental contribuindo para precipitações no interior da região Centro-Oeste. No inverno contribui para a estação seca no oeste do Estado de Minas Gerais e na região Centro-Oeste até o Pantanal ao se cruzar com a mPa – Massa Polar Atlântica que chega seca nessa região e traz as baixas temperaturas no outono-inverno.
mPa – Massa Polar Atlântica – Nasce fria e úmida no Atlântico Sul nas imediações do litoral da Patagônia e chega ao Brasil fria e seca (seu resto de umidade é precipitado na região Sul do Brasil). Sabendo-se que quanto mais uma massa de ar se desloca do seu centro de origem perde suas características originais, a mPa atua nas regiões Sul (ventos periódicos minuano e pampeiro) e Sudeste com mais intensidade e no inverno, pela menor incidência solar no hemisfério sul, chega a atingir o litoral da região Nordeste, provocando chuvas ao encontrar-se com a mTa – Massa Tropical Atlântica que é quente e úmida. Outra vertente de penetração no inverno faz a mPa chegar ao vale do Tapajós na Amazônia provocando quedas de temperatura em um fenômeno chamado friagem.

 

Atuação das massas de ar no inverno da América do Sul. Maior atuação da mPa devido à menor incidência solar no hemisfério sul. Fonte: ADAS, Melhem. Panorama geográfico do Brasil. 4ed. rev. e ampl. São Paulo: Moderna, 2004, p. 150.
Este artigo atende aos fins de leitura e pesquisa e pertence ao blog GeoBau (http://marcosbau.com). Proibida a reprodução pelo Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610/98 de Direitos Autorais. PLÁGIO É CRIME. DENUNCIE. 

Climogramas do Brasil
Tendo por base a dinâmica das massas de ar, o cientista Arthur Strahler propôs uma classificação climática que estuda a dinâmica atmosférica através da circulação das massas de ar (climatologia dinâmica).
Veja o mapa que segue e alguns climogramas brasileiros e suas respectivas explicações.

Climogramas

Clima Equatorial
Fica nas proximidades da linha do Equador, abarcando a Amazônia, norte de Mato Grosso e oeste do Maranhão. Chove durante o ano todo, e em grande quantidade; é bastante úmido e a temperatura varia pouco no decorrer ao longo do ano, com média de 26º C. O climograma de Manaus (AM), localizada nessa faixa de clima, traz informações sobre a pluviosidade e a temperatura. Repare como, no gráfico, a quantidade de precipitação (representada pelas barras verticais) é bem alta, atingindo mais de 300 milímetros no mês de março, com apenas uma pequena queda no meio do ano (em julho, agosto e setembro), quando fica abaixo dos 100 milímetros. A pequena variação de temperatura, típica do clima equatorial, também pode ser vista no climograma de Manaus; a linha horizontal, formada pelas temperaturas médias de cada mês, quase não sobe nem desce, ficando em torno dos 26º C.
Clima Tropical, Tropical Típico, Tropical Semi-úmido ou ainda Tropical alternadamente úmido e seco
Predominante no território brasileiro, pega toda faixa do centro do país, leste do Maranhão, Piauí e oeste da Bahia e de Minas Gerais. Inverno e verão são estações bem marcadas pela diferença de pluviosidade: o verão é bastante chuvoso e há seca no inverno. No climograma de Goiânia (GO), conseguimos enxergar essa diferença pela variação na altura das barras de precipitação: em julho, a precipitação chega a quase zero, e em janeiro ultrapassa 250 milímetros. A temperatura no clima tropical é alta e não varia muito; a média fica entre 18º C em locais de serra e 28º C na maior parte do território.
Clima Tropical Semi-Árido
É o clima das zonas mais secas do interior do Nordeste. Caracteriza-se pela baixa umidade, pouca chuva e temperaturas elevadas. O climograma da cidade baiana de Juazeiro, na divisa com Pernambuco, representa graficamente essas características: nas barrinhas de precipitação, a mínima de chuva chega a 1,7 milímetro, em agosto, com a linha de temperatura variando entre cerca de 24,5º C e 28,5º C, médias térmicas elevadas. A chuva se concentra entre os meses de novembro e abril, mas o total anual de precipitação não chega a 550 milímetros – o volume é inferior ao atingido em apenas dois meses (fevereiro e março) no clima equatorial.
Clima Tropical de Altitude
É o clima das áreas com altitude acima de 800 metros em Minas Gerais, No Espírito Santo, no Rio de Janeiro e em São Paulo. Os verões são quentes e chuvosos e os invernos, frios e secos. Isso pode ser visto no climograma acima, que mostra as médias de temperatura e pluviosidade de Belo Horizonte (MG). No inverno, as barras de chuva atingem o mínimo de cerca de 10 milímetros, e, no verão, passam de 300 milímetros. Em comparação ao clima tropical, o tropical de altitude tem o mesmo comportamento pluvimétrico, mas as médias anuais de temperatura são menores, ficando em torno dos 20º C – no inverno, as temperaturas são bem mais baixas.
Clima Tropical Atlântico ou Tropical Úmido
Esse clima cobre quase todo o litoral do país: começa no Rio Grande do Norte e vai até o Paraná. A quantidade de chuvas varia conforme a latitude da localidade. Por exemplo, enquanto no Nordeste chove muito no inverno, no Sudeste chove mais no verão, como pode ser visto no climograma de João Pessoa (PB) e no do Rio de Janeiro (RJ). A variação de temperatura é maior na porção mais ao sul do litoral. No Rio de Janeiro, oscila entre 21,5º C e 26,5º C e, em João Pessoa, entre 24º C e 28º C.
Clima Subtropical (no hemisfério Norte é chamado de Temperado)
É o clima das regiões ao sul do trópico de Capricórnio: sul de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. A quantidade de chuva não varia muito durante o ano, mas as temperaturas mudam bastante: o inverno é frio e o verão, quente. No climograma de Curitiba (PR), por exemplo, a temperatura oscila entre 12,5º C e 20º C, enquanto as barras de precipitação apresentam pouca variação (a média anual é de 110 milímetros).
Fonte da parte de climogramas: Guia do Estudante: geografia. Mais que tropical. São Paulo: Abril, 2009, p. 48, 49.
Fonte: http://marcosbau.com.br