quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Continentes à Deriva


Continentes à Deriva

Hoje parece-nos quase impossível pensar que os continentes se movimentam através do oceano. Contudo, esta não é uma ideia disparatada de todo.

Que o diga Alfred Wegener, um cientista alemão, formado em Astronomia, mas que sempre teve uma grande paixão por geofísica, particularmente em climatologia e meteorologia.
 

Durante a sua vida, Wegener fez estudos importantes na área da climatologia, e foi também um dos primeiros exploradores da Gronelândia. Fez a sua primeira expedição lá em 1906. Quando regressou tornou-se professor na Universidade de Marburg (Áustria).

Em 1914, Wegener foi recrutado pelo exército alemão para prestar serviço durante a Primeira Guerra Mundial, mas foi libertado do serviço militar depois de ter sido ferido.



De regresso a Marburg, Wegener deparou-se com um relatório científico na biblioteca da Universidade que documentava fósseis de plantas e animais idênticos na África e na América do Sul. Como é que isso seria possível se existe o Oceano Atlântico entre os dois continentes? Seria impossível às espécies viajar até tão longe através do oceano….

Na altura, pensava-se que há muitos milhões de anos existiam umas faixas de terra estreita que teria permitido aos animais passar de um lado para o outro. Mas isso não explicava as plantas…


Além disso, Wegener encontrou outros factos que o levaram a formular outra hipótese.

Eis então os factos que Wegener utilizou:

1) A forma dos continentes é complementar


Ou seja, as linhas de costa parecem ser complementares e encaixar como as peças de um puzzle. Será que os continentes já estiveram efetivamente juntos no passado, ou é apenas coincidência?


2) Fósseis idênticos em continentes que hoje se encontram separados.



Isto só seria possível se os continentes estivessem juntos quando essas espécies existiam na Terra, permitindo-lhes andar de um lado para o outro. Os animais e as plantas nunca conseguiriam atravessar o Oceano se os continentes estivessem separados naquela altura.


3) Vestígios de glaciares em vários continentes que hoje têm climas diferentes.

A imagem que se segue é uma fotografia de uma camada rochosa que se forma quando os glaciares começam a ceder e o gelo arrasta consigo grandes fragmentos de rocha. Agora imagina lá onde foi tirada: na África do Sul, que como sabes tem um clima bastante quente.


Mas não foi apenas na África do Sul. Foram registadas camadas rochosas semelhantes a esta em continentes como a América do Sul, a África, a Índia e a Austrália (os mesmos locais onde foram encontrados os fósseis semelhantes, lembras-te?).

Ora, se hoje esses continentes têm climas mais quentes e se têm lá vestígios de glaciares, é porque houve uma altura da história da Terra em que estiveram todos juntos próximo no pólo sul, que é onde se formam glaciares com dimensões suficientes para gerar aquele tipo de depósitos.
Alguma coisa deste género:

A - Posição atual dos continentes e a localização dos depósitos glaciares com a mesma idade que lá foram encontradas. 

B - Interpretação da posição que os continentes teriam tido quando se formaram os glaciares.


4) Rochas idênticas.

Nos vários continentes dos dois lados do oceano Atlântico há estruturas rochosas idênticas, com a mesma idade e o mesmo tipo de constituição (representadas na figura a amarelo).


 
Por exemplo, as montanhas Apalaches, na Améria do Norte são semelhantes em idade e estrutura às montanhas das Terras Altas na Escócia, do outro lado do oceano. O mesmo acontece com algumas camadas rochosas no Brasil e na América do Sul.

Ora, tal como nos casos anteriores, se as rochas são semelhantes e têm a mesma idade é porque se formaram nas mesmas condições e ao mesmo tipo, ou seja, no mesmo local.
Assim, mais uma vez, isto só seria possível se os continentes tivessem estado juntos.




A Teoria da Deriva Continental

Então, reunindo todos estes factos, Wegener escreveu um livro chamado “A origem dos continentes e dos oceanos”, onde propôs a Teoria da Deriva Continental, que diz o seguinte:

- Os continentes já estiveram todos juntos, há 225 M.a., formando um único supercontinente.
Wegener chamou a este continente Pangeia (Pan=toda, Geo=terra) e ao oceano que o banhava chamou-lhe Pantalassa (Pan=todo, Thalassos=oceano).

- Depois, devido ao movimento das correntes marítimas, os continentes teriam flutuado à deriva (sim, como um barco) até ocuparem as posições que têm hoje.



Podes encontrar filmes que ajudam a visualizar melhor aqui e aqui.


Argumentos a favor:

Para fundamentar esta teoria, Wegener teve de apresentar as provas, ou argumentos, que já referimos em cima. Vamos recordá-los e dar-lhe nomes:

Argumentos morfológicos: a forma dos continentes é complementar
Argumentos paleontológicos: os fósseis idênticos dos dois lados do oceano
Argumentos paleoclimáticos: vestígios de climas antigos diferentes dos que existem hoje nos continentes
Argumentos geológicos: rochas semelhantes nos continentes que estão hoje separados.


Até aqui parece estar tudo bem.


O problema: 

A teoria de Wegener não foi aceite na altura porque os continentes não flutuam.
Ou seja, Wegener não conseguiu explicar como é que os continentes se deslocaram da sua posição inicial.

A teoria da Deriva Continental caiu então no esquecimento.

Em 1930 Wegener foi levar mantimentos a alguns cientistas que tinham ido numa expedição à Gronelândia e ficaram sem comida. Contudo, foi apanhado num nevão e acabou por morrer durante essa expedição, com 50 anos.

 A última expedição de Wegener à Gronelândia.

Só mais tarde, com a evolução da tecnologia, se encontraram novos indícios que vieram dar nova luz a este tema e reacendeu o debate sobre o modo como os continentes se deslocam.

Mas isso fica para depois.

Fonte: http://espacociencias7.blogspot.com.br