Continentes à Deriva
Hoje parece-nos quase impossível pensar que os continentes se movimentam através do oceano. Contudo, esta não é uma ideia disparatada de todo.
Que o diga Alfred Wegener, um cientista alemão, formado em Astronomia, mas que sempre teve uma grande paixão por geofísica, particularmente em climatologia e meteorologia.
Durante a sua vida, Wegener fez estudos importantes na área da climatologia, e foi também um dos primeiros exploradores da Gronelândia. Fez a sua primeira expedição lá em 1906. Quando regressou tornou-se professor na Universidade de Marburg (Áustria).
Em 1914, Wegener foi recrutado pelo exército alemão para prestar serviço durante a Primeira Guerra Mundial, mas foi libertado do serviço militar depois de ter sido ferido.
De regresso a Marburg, Wegener deparou-se com um relatório científico na biblioteca da Universidade que documentava fósseis de plantas e animais idênticos na África e na América do Sul. Como é que isso seria possível se existe o Oceano Atlântico entre os dois continentes? Seria impossível às espécies viajar até tão longe através do oceano….
Na altura, pensava-se que há muitos milhões de anos existiam umas faixas de terra estreita que teria permitido aos animais passar de um lado para o outro. Mas isso não explicava as plantas…
Além disso, Wegener encontrou outros factos que o levaram a formular outra hipótese.
Eis então os factos que Wegener utilizou:
1) A forma dos continentes é complementar
Ou seja, as linhas de costa parecem ser complementares e encaixar como as peças de um puzzle. Será que os continentes já estiveram efetivamente juntos no passado, ou é apenas coincidência?
2) Fósseis idênticos em continentes que hoje se encontram separados.
Isto só seria possível se os continentes estivessem juntos quando essas espécies existiam na Terra, permitindo-lhes andar de um lado para o outro. Os animais e as plantas nunca conseguiriam atravessar o Oceano se os continentes estivessem separados naquela altura.
3) Vestígios de glaciares em vários continentes que hoje têm climas diferentes.
A imagem que se segue é uma fotografia de uma camada rochosa que se forma quando os glaciares começam a ceder e o gelo arrasta consigo grandes fragmentos de rocha. Agora imagina lá onde foi tirada: na África do Sul, que como sabes tem um clima bastante quente.
Mas não foi apenas na África do Sul. Foram registadas camadas rochosas semelhantes a esta em continentes como a América do Sul, a África, a Índia e a Austrália (os mesmos locais onde foram encontrados os fósseis semelhantes, lembras-te?).
Ora, se hoje esses continentes têm climas mais quentes e se têm lá vestígios de glaciares, é porque houve uma altura da história da Terra em que estiveram todos juntos próximo no pólo sul, que é onde se formam glaciares com dimensões suficientes para gerar aquele tipo de depósitos.
Alguma coisa deste género:
A - Posição atual dos continentes e a localização dos depósitos glaciares com a mesma idade que lá foram encontradas.
B - Interpretação da posição que os continentes teriam tido quando se formaram os glaciares.
4) Rochas idênticas.
Nos vários continentes dos dois lados do oceano Atlântico há estruturas rochosas idênticas, com a mesma idade e o mesmo tipo de constituição (representadas na figura a amarelo).
Por exemplo, as montanhas Apalaches, na Améria do Norte são semelhantes em idade e estrutura às montanhas das Terras Altas na Escócia, do outro lado do oceano. O mesmo acontece com algumas camadas rochosas no Brasil e na América do Sul.
Ora, tal como nos casos anteriores, se as rochas são semelhantes e têm a mesma idade é porque se formaram nas mesmas condições e ao mesmo tipo, ou seja, no mesmo local.
Assim, mais uma vez, isto só seria possível se os continentes tivessem estado juntos.
A Teoria da Deriva Continental
Então, reunindo todos estes factos, Wegener escreveu um livro chamado “A origem dos continentes e dos oceanos”, onde propôs a Teoria da Deriva Continental, que diz o seguinte:
- Os continentes já estiveram todos juntos, há 225 M.a., formando um único supercontinente.
Wegener chamou a este continente Pangeia (Pan=toda, Geo=terra) e ao oceano que o banhava chamou-lhe Pantalassa (Pan=todo, Thalassos=oceano).
- Depois, devido ao movimento das correntes marítimas, os continentes teriam flutuado à deriva (sim, como um barco) até ocuparem as posições que têm hoje.
Podes encontrar filmes que ajudam a visualizar melhor aqui e aqui.
Argumentos a favor:
Para fundamentar esta teoria, Wegener teve de apresentar as provas, ou argumentos, que já referimos em cima. Vamos recordá-los e dar-lhe nomes:
- Argumentos morfológicos: a forma dos continentes é complementar
- Argumentos paleontológicos: os fósseis idênticos dos dois lados do oceano
- Argumentos paleoclimáticos: vestígios de climas antigos diferentes dos que existem hoje nos continentes
- Argumentos geológicos: rochas semelhantes nos continentes que estão hoje separados.
Até aqui parece estar tudo bem.
O problema:
A teoria de Wegener não foi aceite na altura porque os continentes não flutuam.
Ou seja, Wegener não conseguiu explicar como é que os continentes se deslocaram da sua posição inicial.
A teoria da Deriva Continental caiu então no esquecimento.
Em 1930 Wegener foi levar mantimentos a alguns cientistas que tinham ido numa expedição à Gronelândia e ficaram sem comida. Contudo, foi apanhado num nevão e acabou por morrer durante essa expedição, com 50 anos.
Só mais tarde, com a evolução da tecnologia, se encontraram novos indícios que vieram dar nova luz a este tema e reacendeu o debate sobre o modo como os continentes se deslocam.
Mas isso fica para depois.
Que o diga Alfred Wegener, um cientista alemão, formado em Astronomia, mas que sempre teve uma grande paixão por geofísica, particularmente em climatologia e meteorologia.
Durante a sua vida, Wegener fez estudos importantes na área da climatologia, e foi também um dos primeiros exploradores da Gronelândia. Fez a sua primeira expedição lá em 1906. Quando regressou tornou-se professor na Universidade de Marburg (Áustria).
Em 1914, Wegener foi recrutado pelo exército alemão para prestar serviço durante a Primeira Guerra Mundial, mas foi libertado do serviço militar depois de ter sido ferido.
De regresso a Marburg, Wegener deparou-se com um relatório científico na biblioteca da Universidade que documentava fósseis de plantas e animais idênticos na África e na América do Sul. Como é que isso seria possível se existe o Oceano Atlântico entre os dois continentes? Seria impossível às espécies viajar até tão longe através do oceano….
Na altura, pensava-se que há muitos milhões de anos existiam umas faixas de terra estreita que teria permitido aos animais passar de um lado para o outro. Mas isso não explicava as plantas…
Além disso, Wegener encontrou outros factos que o levaram a formular outra hipótese.
Eis então os factos que Wegener utilizou:
1) A forma dos continentes é complementar
Ou seja, as linhas de costa parecem ser complementares e encaixar como as peças de um puzzle. Será que os continentes já estiveram efetivamente juntos no passado, ou é apenas coincidência?
2) Fósseis idênticos em continentes que hoje se encontram separados.
Isto só seria possível se os continentes estivessem juntos quando essas espécies existiam na Terra, permitindo-lhes andar de um lado para o outro. Os animais e as plantas nunca conseguiriam atravessar o Oceano se os continentes estivessem separados naquela altura.
3) Vestígios de glaciares em vários continentes que hoje têm climas diferentes.
A imagem que se segue é uma fotografia de uma camada rochosa que se forma quando os glaciares começam a ceder e o gelo arrasta consigo grandes fragmentos de rocha. Agora imagina lá onde foi tirada: na África do Sul, que como sabes tem um clima bastante quente.
Mas não foi apenas na África do Sul. Foram registadas camadas rochosas semelhantes a esta em continentes como a América do Sul, a África, a Índia e a Austrália (os mesmos locais onde foram encontrados os fósseis semelhantes, lembras-te?).
Ora, se hoje esses continentes têm climas mais quentes e se têm lá vestígios de glaciares, é porque houve uma altura da história da Terra em que estiveram todos juntos próximo no pólo sul, que é onde se formam glaciares com dimensões suficientes para gerar aquele tipo de depósitos.
Alguma coisa deste género:
A - Posição atual dos continentes e a localização dos depósitos glaciares com a mesma idade que lá foram encontradas.
B - Interpretação da posição que os continentes teriam tido quando se formaram os glaciares.
4) Rochas idênticas.
Nos vários continentes dos dois lados do oceano Atlântico há estruturas rochosas idênticas, com a mesma idade e o mesmo tipo de constituição (representadas na figura a amarelo).
Por exemplo, as montanhas Apalaches, na Améria do Norte são semelhantes em idade e estrutura às montanhas das Terras Altas na Escócia, do outro lado do oceano. O mesmo acontece com algumas camadas rochosas no Brasil e na América do Sul.
Ora, tal como nos casos anteriores, se as rochas são semelhantes e têm a mesma idade é porque se formaram nas mesmas condições e ao mesmo tipo, ou seja, no mesmo local.
Assim, mais uma vez, isto só seria possível se os continentes tivessem estado juntos.
A Teoria da Deriva Continental
Então, reunindo todos estes factos, Wegener escreveu um livro chamado “A origem dos continentes e dos oceanos”, onde propôs a Teoria da Deriva Continental, que diz o seguinte:
- Os continentes já estiveram todos juntos, há 225 M.a., formando um único supercontinente.
Wegener chamou a este continente Pangeia (Pan=toda, Geo=terra) e ao oceano que o banhava chamou-lhe Pantalassa (Pan=todo, Thalassos=oceano).
- Depois, devido ao movimento das correntes marítimas, os continentes teriam flutuado à deriva (sim, como um barco) até ocuparem as posições que têm hoje.
Podes encontrar filmes que ajudam a visualizar melhor aqui e aqui.
Argumentos a favor:
Para fundamentar esta teoria, Wegener teve de apresentar as provas, ou argumentos, que já referimos em cima. Vamos recordá-los e dar-lhe nomes:
- Argumentos morfológicos: a forma dos continentes é complementar
- Argumentos paleontológicos: os fósseis idênticos dos dois lados do oceano
- Argumentos paleoclimáticos: vestígios de climas antigos diferentes dos que existem hoje nos continentes
- Argumentos geológicos: rochas semelhantes nos continentes que estão hoje separados.
Até aqui parece estar tudo bem.
O problema:
A teoria de Wegener não foi aceite na altura porque os continentes não flutuam.
Ou seja, Wegener não conseguiu explicar como é que os continentes se deslocaram da sua posição inicial.
A teoria da Deriva Continental caiu então no esquecimento.
Em 1930 Wegener foi levar mantimentos a alguns cientistas que tinham ido numa expedição à Gronelândia e ficaram sem comida. Contudo, foi apanhado num nevão e acabou por morrer durante essa expedição, com 50 anos.
A última expedição de Wegener à Gronelândia.
Só mais tarde, com a evolução da tecnologia, se encontraram novos indícios que vieram dar nova luz a este tema e reacendeu o debate sobre o modo como os continentes se deslocam.
Mas isso fica para depois.